DESAFIOS
QUE SE IMPÕEM NUM CONTEXTO TÃO “NOSSO”
Apesar de
tantas mudanças verificadas, no que concerne à educação, no nosso país, nunca,
em tão pouco tempo, se verificou tantas alomorfias estabelecidas no sistema
educativo.
Cada vez mais,
ante os olhares de muitos dos nossos colegas de carreira, os mesmos que, tal
como nós, saíram dos seus cursos carregados de sonhos e projetos que podiam
fazer pela diferença em tudo o que hoje já nos vai cansando, fazendo com que os
nossos percursos profissionais nunca se aproximem do patamar que, num dia longínquo,
foi a razão de todas as nossas labutas, eis-nos, precisamente aqui, neste local
educativo onde, cada vez mais o processo evolutivo que sempre foi apanágio dos
grandes fazedores, vai dando lugar à aridez educativa que seca tudo e todos que
com ela contracenam.
Nunca é demais
lembrar que as escolas públicas atuais praticamente não se guiam pelo objetivo
único de ensinar a saber ser, a saber estar e a saber fazer, mas, também, o de
ensinar no sentido mais lato do termo, uma vez que se verifica que muitas
famílias já não abraçam a educação dos seus filhos pelo que, à escola pública,
pede-se e/ou exige-se não só o ensino como também a educação das crianças. Mas
a educação que não é transmitida aos filhos interfere diretamente na sala de
aula sob a forma de indisciplina e gera nos demais alunos e professores e
funcionários um contexto de conflito inter-relacional. Cada vez mais, será
exigido a todos os atores educativos que reúnam esforços para mudar a visão das
famílias sobre a escola de forma a valorizar, mais e melhor, o nosso ensino
público, oferecer orientação e acompanhamento, elucidando e registando o
percurso escolar dos seus alunos paralelamente com as famílias de onde são
oriundos.
Constatamos a
importância de se acreditar naquilo que há muito tempo sentimos estarem a
tirar-nos: uma gestão democrática, não obstante a adversidade e, para isso,
urge pensarmos numa gestão em que as práticas comumente utilizadas possam
concorrer para a melhoria da qualidade do nosso sistema de gestão e das nossas
práticas educativas. O valor da prática da reflexão, no contexto profissional,
numa sociedade que passa a exigir uma educação com qualidade para todos que
tantas vezes exige ao diretor, papéis que ultrapassam a barreira da mera
administração!...
Os desafios
encontrados, principalmente nos nossos dias, devem ser enfrentados e todos, em
conjunto, unir esforços para a inovação que todos pretendemos bem como a
superação dos problemas encontrados o que, sem um trabalho participativo
através do qual torna-se mais fácil destrinçar a complexidade de determinado
problema, e a lucidez de se conseguir analisar a interação de determinadas
variáveis, assim como interpretar e classificar processos dinâmicos vividos
pelos diferentes núcleos sociais para que se consiga um processo de mudança e
levar a um entendimento das particularidades comportamentais de um indivíduo.
Gerir nunca
foi nem nunca será tarefa fácil; a gestão escolar que se deseja vai para além
do fazer; gerir uma instituição/organização torna-se numa construção social na
formação plena do ser humano, como cidadão responsável, com autonomia e ética
profissional de quem se espera uma boa qualidade pedagógica, grande
profissionalismo docente e que concorram com objetivos que sejam comuns às
metas desenhadas no projeto educativo do agrupamento e, tudo faz a diferença e concorre
para o bem comum na nossa organização: criar uma visão de conjunto associada a
uma ação de cooperação; contribuir para um clima de confiança; associar
esforços, quebrar arestas, eliminar divisões e integrar num tronco que é de
todos e desenvolver a prática de assumir responsabilidades em conjunto.
E vem tudo isto a propósito por ter terminado
mais um ano letivo e da necessidade que me vejo em refletir sobre o ano que
agora finda e de toda uma análise necessária a qualquer gestor de uma organização
para que possa tirar ilações, estudar resultados, prever e, sobretudo, fazer
deste exercício introspetivo/reflexivo, um meio para implementar outras formas
de atuar quando percebe que as utilizadas não levaram aos resultados almejados.
Tenho a consciência
que no nosso cenário educativo garanti uma atuação democrática efetiva e
participada, sempre que possível; instiguei para que este nosso cenário fosse
palco de um ambiente cooperativo por parte de toda a nossa comunidade para que
se verificasse uma promoção evolutiva nas aprendizagens educativas, orientada
por elevadas expectativas estabelecidas coletivamente e amplamente
compartilhadas com vista a uma efetiva gestão democrática e participativa
desejando estabelecer uma participação conjunta e organizada, preparando o
terreno para uma aproximação entre as nossas escolas, pais e encarregados de
educação e demais comunidade educativa na promoção de uma educação de
qualidade; o estabelecimento de um ambiente escolar aberto e participativo, em
que todos nós, como agentes ativos da educação possamos edificar alunos com os
mesmos princípios de cidadania que tanto nós desejamos. Não foi nem será tarefa
fácil; sabemos que sempre se gerarão discussões que se pretendem saudáveis para
alcançar o objetivo que é de todos.
Assim, e não
querendo alongar-me por estes trilhos filosóficos que, sei, não vos trazem nada
de novo, apenas serviu de pretexto para vos deixar aqui uma nota de puro agradecimento a todos os que me
acompanharam neste trajeto de mais um ano letivo e desejar a todos os
professores, alunos, funcionários e toda a restante comunidade educativa do
AVERT, que comigo fizeram parte de todo este projeto comum, uma boas férias
e que o descanso se torne num bálsamo capaz de nos apetrechar de todas as ferramentas
necessárias para que o próximo ano letivo (apesar dos contextos educativos
apoiados numa legislação exigente que nos obriga a um sem número de alterações,
tantas vezes indesejadas) seja recebido com pompa e circunstância.
A Diretora
Aurora Vieira